domingo, 6 de setembro de 2015

Quando sai-se da toca

Eram 3 horas da manhã e ele não sabia bem o que fazer, não sabia quem era, não sabia de nada.
Eram três horas de um dia comum, cheio de gostos e desgostos, de "sim" de "não"... Era um dia no escritório, com café quente, gerente e papelada, moças de saias, homens de calça social, e alguns tinham até o famoso terno de ascensão social.
Ah, mas ele sabia.
Ele sabia que naquele dia 3 as coisas seriam um pouco diferentes, pois, pela primeira vez, ele havia acordado, acordado mesmo, de verdade.
Apesar do dia anterior ter sido gasto em questionamentos, em derramamento, em covardia ele acordou inteiro.

Então deitou firme, suave e mentalmente disse "vem". Era gozo, orgasmo mental causado apenas pela verdade.
"Agora eu sei que sou."

E a partir daquele momento nada mais tinha importância, porque ele sabia que nenhum maior poder aquisitivo faria a menor diferença, enquanto formos animais feridos.


É preciso parar de sangrar para enxergar a alma, e ele sabe muito bem o quanto é fácil machucar-se mas aprende que, com os curativos corretos e medicamentos adequados, pode-se muito bem cicatrizar  e que essa cicatriz o fará lembrar o quanto ele foi capaz de evoluir(marcas de guerra) e que agora nada mais importa, por que?  porque não dói.

E apesar de não doer, ele não repetirá o ato.

É a virtude de deixar a ignorância
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