sábado, 26 de abril de 2014

Ser ácida.

Eu gosto de limões. É, eu gosto de limões. O amargo sabor, provindo de um ácido e o estranho prazer que o limão proporciona, assemelha-se com a minha pessoa. E quando a gente se conhece, ou pensa que se conhece, sabemos o trabalho que dá. Eu sou trabalhosa, ácida e amarga, porém, capaz de proporcionar e sentir um prazer estranho nas próprias realizações. Eu preciso de um sumo, um sumo de limão.... O amargo eu já tenho, falta-me as vitaminas que ele proporciona, falta eu ser eu por completo, falta a chamada evolução... Como é que eu, protetora dos pobres e oprimidos posso querer defender algo se nem a mim pode ser tirado certas vitaminas? Falta-me a vitalidade. A cura após a gripe, o repousar de uma alma incansável e relutante. Essa busca vai além eu bem sei, preciso de um contexto, um chão para me reorganizar, não posso viver só do copo o copo me faz ser muito limitada, como se o meu néctar, a minha essência fosse direcionada a uma pessoa só e isso eu não aceito, não sou egoísta a ponto de me doar apenas a um. Necessito ser a jarra, a jarra é compartilhada, a jarra ainda que limitada se expande mais, todos querem um pouco, e assim serei compartilhada aos meus, me dividindo e inteirando-me em cada um, preciso expandir minhas vitaminas. Chegará um ponto onde o meu ácido não será mais prejudicial e sim essencial, precisarei ser colhida e adocicada... E quando esse ponto chegar, eu sei que poderei dizer:

“Sim, eis aqui o sumo que me faltava.”

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Equívocos.

Quando eu digo o que eu sou as pessoas me olham com um misto de estranheza e curiosidade, como se eu me tornasse sua atração ou até seu experimento. Não minto que é bom, é. Bem, bom até certo ponto, bom por ter essa atenção e ruim por ser descartável quando pra mim fica realmente interessante. O espanto já não me emociona mais. Despertei-me para escrever, dizer aqui o quão caro é o preço a se pagar por ser quem é e ainda não sei lidar com o abandono, no fundo tenho um pouco de esperança de que vá sentir a minha falta, eu sinto, por que não? Nem sempre tenho um objetivo claro ao escrever assim, nua, debruçada em mim e em meus sentimentos. Hoje eu estou insegura, mas não quero deixar que me influencie, existem épocas em que estamos mais sensíveis, não é mesmo? eu espero.  Enquanto eu cochilava vi a mulher descabelada olhando pra mim, eu olhei pra ela, meio atônita e me vi. Eu não quero ser a mulher descabelada, mas eu sou.  Difícil decisão. Enquanto outra está a se trancar em um quarto, realizando trabalhos obrigatoriamente, eu me encontro aqui, descabelada, compenetrada e com um certo medo de me perder ainda mais. Diariamente a gente se pega pensando no que realmente importa.
 A outra, a que se encontra trancada quer fazer de tudo por mim porque vive a dizer que parece que eu sofro. Considerei aquilo um elogio, do sofrimento é que se sai a iluminação, não é mesmo?
Eu só quero morar em mim. Como eu disse, sou sensível por natureza e mal me considero poeta, quer dizer, poeta a alma a essência, não quero saber de títulos embora meu ego grite: "Sim." Mas, por que eu preciso da ajuda, por que eu aparento o sofrer?  É justamente ai que o preço se aplica, na curiosidade de saber se o que eu sou é errado. É? Então por que que sou?  A gente tem que aprender a viver com a gente, com o coração. Precisamos aprender a pegar ele com as mãos e apertar junto ao peito, num abraço caloroso. Gostar de ser um erro, eu preciso amar o equivoco.
E é por isso que eu fico a dizer que necessito do vento, mas antes preciso desprender minha vela. Qual será ela? E parem de me olhar com espanto, não quero atiçar mais o desejo de ninguém! Meu ego não precisa mais vencer. Vivo a me despir em público, minhas palavras são de puro atentado ao pudor, ainda mais tratando-se de um país como esse. Preciso me despir,  mas, já vi que nem todos os corpos são cobertores para me aquecer, nem todas as verdades são ditas e os erros não fazem mais parte de quem eu sou e sim são,
Eu.