segunda-feira, 27 de maio de 2013

Curvelo

Estávamos em algum tipo de festa, um nome gravado em minha mente, o desejo pulsava em mim. Mas, lá no fundo eu sabia que não tínhamos a menor chance, olha só, uma garota como ela desejar a mim na mesma intensidade que a quero. Difícil acreditar! Preparava-me emocionalmente para ter que observá-la e não poder toca-la, envenenando-me com doses cada vez mais altas de vodca... E ela apareceu! Tão radiante! Os olhos ainda mais claros do que me lembrava, um tom de verde impenetrável, selvagem, similar a uma leoa observando um cordeiro antes de devora-lo. Seu cabelo em um tom de ouro e balançava de acordo com o que ela dizia e as gargalhavas que dava com suas amigas. Já eu, antissocial que sou sentei-me em um sofá distante, estava um pouco escuro fiquei ali apenas observando a minha bebida, sentindo a minha garganta queimar a cada gole que dava e meus olhos lacrimejarem pedindo socorro, fiquei ali por um bom tempo a observar meu copo até que um grupo de jovens vindo em minha direção me tirou do transe, foi ai que me dei conta de que eu estava sentada em frente a uma enorme tela, onde iria passar filmes provavelmente. Já estava me erguendo para sair daquele local, quando uma mão pousou suavemente em meu peito irradiando calor sobre meu tórax, fazendo minha pele arrepiar instantaneamente, mas mantive a postura e não olhei pra cima. Um sussurro veio ao meu ouvido: "Fica, por favor." Ah, aquela voz tinha um efeito sobrenatural em mim, uma espécie de paralisante. Ainda atordoada pela bebida, permaneci ali, ao lado dela e bastante deslocada para falar a verdade, sem dizer uma palavra. Em choque. Devo ter a encarado por mais ou menos quarenta minutos e ai me dei conta de que ela poderia estar tão alterada quanto eu, ou provavelmente me confundiu com alguém. Era bom demais para acreditar sabe? Não consegui sair dali, havia alguma espécie de magnetismo naquele ambiente, nela. "Provavelmente ela seja mais uma dessas garotas problemáticas que eu costumo sair." Pensei. Repensei. Queria fugir, correr, mas meu corpo não me obedecia. Quando parei para me observar, senti um calor espalhar em meu braço estender-se até meu pescoço em uma intensidade anormal. Foi quando me dei conta de que ela se apoiava em mim. "Como um sonho", pensei. O aroma de seu cabelo envolveu-me como um abraço caloroso e seguro. Permanecemos ali, em uma espécie de casulo, meus braços instantaneamente a envolveram forte, como uma proteção, eu queria protege-la de todo mal que no mundo havia, um forte impenetrável. Sorríamos sem perceber e quando me dei conta seus braços estavam ao redor do meu pescoço e minhas mãos enlaçadas em sua cintura, nossos lábios se encontraram fortalecendo a nossa estranha ligação. Nunca me senti tão conectada a ninguém como aquela garota me fez ser. Línguas dançavam, fazendo o ritual do eterno, apertei-a mais forte de encontro ao meu corpo, porque de algum modo eu sabia que nunca a deixaria ir, então ela mordeu meu lábio em correspondência. Sabíamos que nos pertencíamos, nos pertencemos. O momento se fez eterno, sorrisos entre beijos e olhos concentrados um no outro, aquele verde anterior tornou-se ainda mais intensos, levados pelo êxtase de encontro. Foi quando abri meus olhos e encarei os dela, sua boca moveu-se lentamente ao encontro do meu ouvido, ela sussurrou:

- Luise Curvelo, prazer.

E nesse momento eu sabia que sonhos podem se realizar. 

A partir daquele momento eu soube pelo que lutar.

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